O destino desenhou
Na aurora da vida, nasceu sem abrigo,
Um choro esquecido, sem pai nem amigo.
No orfanato, seus dias eram iguais,
Sonhava com mundos que não tinha jamais.
Os brinquedos quebrados, a solidão fria,
Na infância sem riso, faltava alegria.
Corria descalço nos pátios vazios,
Buscando um calor em braços tardios.
Cresceu nas calçadas, de frio vestido,
Carregando nas costas um sonho perdido.
As ruas, seu lar; o céu, seu colchão,
Cada passo um lamento, uma nova lição.
Os olhos cansados, de histórias sombrias,
Guardavam segredos de noites vazias.
O vento soprava, levando esperança,
Mas nele ainda restava a essência da infância.
E quando o vigor se foi, já cansado,
No asilo encontrou um canto abafado.
Entre velhos rostos, histórias guardadas,
Lembrou-se da vida em estradas passadas.
O destino desenhou com traços de dor,
Mas deixou, na poeira, um vestígio de amor.
Pois mesmo entre sombras e noites vazias,
O menino cresceu, e a alma ainda sorria.
Lucileide Flausino Barbosa
Enviado por Lucileide Flausino Barbosa em 08/12/2024