Confissões ao vento
O mais bonito retrato é o da própria natureza, pois, Deus com humildade fez sem tintas a sua beleza.
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Meu Medo na Madrugada
Na quietude fria da madrugada,
Ouço o silêncio que me apavora.
Meu coração bate em disparada,
O terror se aproxima, e eu choro.

Sei que ele está para chegar,
Seu passo pesado, cheio de ira.
O relógio parece querer parar,
Enquanto a sombra da violência se mira.

Olho para a janela, num só desejo,
Que meu filho apareça, me salve do medo.
Mas vejo ao longe, entre risos e lampejos,
Que ele está com amigos, alheio ao segredo.

Cada som da noite me faz tremer,
Será a chave girando na porta?
Será o começo de mais um sofrer,
Ou o fim que a morte já me aponta?

Meu sonho é liberdade, é viver,
É ter o direito de não temer.
Mas aqui estou, refém do tormento,
Rezando por um breve alento.

Queria gritar, correr para longe,
Mas as correntes invisíveis me prendem.
Na minha mente, a coragem se esconde,
E a esperança, aos poucos, me entende.

Se meu filho ao menos soubesse,
Se os amigos vissem meu clamor,
Talvez a noite se desfizesse,
E o dia trouxesse um novo sabor.

Mas, por enquanto, só resta esperar,
Ouvindo os passos que se aproximam.
E na madrugada, sozinha a chorar,
Sinto a dor das mulheres que se eliminam.

Se ao menos pudesse escolher outro destino,
Ser mais que uma sombra de mim mesma.
Ser livre, ser forte, mudar o caminho,
E reconstruir minha vida, peça por peça.
Lucileide Flausino Barbosa
Enviado por Lucileide Flausino Barbosa em 11/12/2024
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