Três Minutos para Morrer
O relógio na parede marcava exatamente 23h57. A casa estava mergulhada em silêncio, exceto pelo tique-taque insistente que parecia se intensificar a cada segundo. Laura estava sozinha, sentada na poltrona da sala, com o olhar fixo no celular. Havia recebido uma mensagem anônima minutos antes:
"Você tem três minutos para viver."
A princípio, ela riu. Uma brincadeira de mau gosto, provavelmente. Mas, à medida que os segundos passavam, um desconforto gelado começou a se espalhar por seu corpo.
23h58.
A risada inicial deu lugar a um medo que apertava o peito. Laura trancou as portas e verificou as janelas. Tudo estava fechado, exatamente como deveria. Mas por que o ar parecia tão pesado? Por que cada sombra na casa parecia se mexer quando ela desviava o olhar?
Foi quando o abajur da sala piscou. Uma, duas vezes. E apagou.
A escuridão tomou conta, mas o relógio brilhava no canto. Os ponteiros continuavam avançando implacavelmente. Ela olhou novamente para o celular, as mãos trêmulas.
"Dois minutos."
Laura tentou ligar para alguém — para qualquer pessoa —, mas o telefone não dava sinal. Na tela, apenas a mensagem aterrorizante piscava. Desesperada, pegou uma faca na cozinha. O suor escorria por sua testa enquanto ela percorria cada cômodo, com os olhos atentos, o coração martelando no peito.
23h59.
Um som. Vindo do corredor.
Um leve arrastar, como se algo estivesse se movendo lentamente em sua direção. Ela se virou, tentando enxergar através da escuridão. "Quem está aí?" gritou, mas sua voz soou fraca, quase um sussurro.
O som parou. O silêncio voltou, mas era pior. Pesado. Quase palpável. Laura recuou para a sala, sentindo que algo a observava. Sentindo que algo a cercava.
Então, ela ouviu.
Um sussurro. Baixo, quase inaudível, mas claro o suficiente para gelar seu sangue:
"Um minuto."
As lágrimas desciam agora. Laura tremia da cabeça aos pés, abraçada à faca como se aquilo pudesse protegê-la do inevitável. O tique-taque parecia zombar dela. O relógio marcava o último minuto de sua vida.
00h00.
O som parou. Tudo ficou em silêncio. O relógio não fazia mais tique-taque.
Foi nesse instante que Laura percebeu que não estava sozinha. Uma presença estava atrás dela, sentiu o calor de uma respiração no pescoço. Antes que pudesse reagir, uma mão gelada tocou seu ombro.
O grito de Laura ecoou pela noite.
Quando os vizinhos encontraram o corpo na manhã seguinte, o relógio estava parado em 00h03.
Lucileide Flausino Barbosa
Enviado por Lucileide Flausino Barbosa em 18/12/2024
Alterado em 18/12/2024