Três homens e uma paixão
Na pequena cidade de São Vicente do Oeste, onde o vento dançava pelas ruas de paralelepípedos e as tardes morriam em tons de rosa e dourado, havia uma mulher cujo sorriso era capaz de parar o tempo. Chamava-se Noemi. Não era só sua beleza que encantava, mas a forma como sua alma parecia traduzir o universo em gestos simples — um olhar que acariciava, uma palavra que abraçava.
Eram três os homens que disputavam seu coração, cada qual carregando consigo uma paixão avassaladora e a promessa de um mundo diferente.
Nixon, o poeta, tinha as palavras como aliadas. Vivia na praça central, com um caderno surrado onde escrevia versos inspirados em Noemi. Suas poesias eram declamadas aos quatro ventos, e cada estrofe parecia gritar ao mundo que ele a amava. Ele acreditava que sua sensibilidade seria a chave para conquistar aquele coração que tanto idolatrava.
Jessé, o fazendeiro, era um homem de ações. Não falava muito, mas suas mãos calejadas mostravam o esforço de quem transformava a terra em vida. Para ele, o amor era construir um lar, e em cada feixe de lenha que trazia à porta de Noemi, em cada cesta de frutas colhida ao amanhecer, estava a prova de sua dedicação.
E havia Langrem, o músico. Sua voz era doce como mel, e as noites da cidade ganhavam vida quando ele cantava sob a luz da lua. Noemi era a musa de suas canções, e a cada melodia dedilhada no violão, ele desenhava um universo onde apenas os dois existiam.
Noemi, no entanto, permanecia em silêncio, observando a entrega de cada um. Não porque se deliciava com a atenção, mas porque o amor, para ela, não era uma escolha óbvia ou uma competição a ser vencida.
Uma tarde, ao pôr do sol, os três se encontraram no campo de girassóis onde Noemi costumava passear. Cada um, tomado pela intensidade de seus sentimentos, apresentou sua oferta final:
Nixon leu um poema tão profundo que parecia ter sido escrito com a própria alma.
Jessé trouxe uma rosa colhida com suas próprias mãos, símbolo de sua simplicidade e devoção.
Langrem cantou uma nova canção, uma balada apaixonada que fez o vento parar para ouvir.
Noemi sorriu, agradecida. Então, finalmente, falou:
— O que me oferecem é lindo e único, mas o amor que procuro não está nas palavras, nos gestos ou nas canções. Ele nasce no encontro. Não quero que vocês disputem meu coração como um prêmio, porque o amor verdadeiro não precisa ser conquistado, ele simplesmente acontece.
Os três homens, surpresos, se entreolharam. Nixon entendeu que sua poesia não podia forçar sentimentos. Jessé percebeu que nem todo esforço garante reciprocidade. Langrem compreendeu que sua música era só um reflexo de algo que ainda não existia.
E Noemi? Seguiu seu caminho pelo campo de girassóis, deixando atrás de si três homens transformados. Eles não ganharam sua paixão, mas aprenderam que o amor verdadeiro não é sobre vencer, mas sobre encontrar.
E talvez, apenas talvez, o próximo encontro de Noemi fosse aquele onde o amor floresceria, tão espontâneo quanto um girassol se abrindo para o sol.
Lucileide Flausino Barbosa
Enviado por Lucileide Flausino Barbosa em 18/12/2024
Alterado em 18/12/2024