Confissões ao vento
O mais bonito retrato é o da própria natureza, pois, Deus com humildade fez sem tintas a sua beleza.
Capa Textos E-books Fotos Perfil Contato
Textos
Carta de despedida
Na crônica que segue, "Carta de despedida", somos convidados a testemunhar o momento mais difícil de um relacionamento: o adeus. Não aquele adeus que carrega rancor ou mágoa, mas o que vem envolto em gratidão e saudade, como um suspiro que se solta antes do fim.

Acompanhe as palavras de Isabela, que, ao se despedir, revela que o amor não é apenas sobre ficar, mas também sobre saber partir.
Querido,

Sei que palavras nunca foram suficientes para explicar o que sinto, mas hoje, preciso delas para dizer adeus. Não porque deixei de amar, mas porque aprendi que às vezes o amor precisa partir para continuar existindo.

Lembro-me da primeira vez que nossos olhos se encontraram. Era um dia comum, mas, de repente, tudo ao meu redor ficou em silêncio. Era como se o mundo tivesse parado para nos dar aquele instante. Você sorriu, e naquele sorriso eu vi promessas: de dias leves, de abraços demorados, de um futuro que eu ainda não sabia, mas já desejava.

E, por algum tempo, vivemos esse futuro. Fomos felizes, mesmo entre as tempestades. Você me ensinou a amar o simples, o agora. Eu, tão cheia de planos e urgências, aprendi com você a parar, a ouvir o som da chuva, a valorizar o café quente e a companhia silenciosa.

Mas o amor, tão bonito em sua essência, às vezes se perde nos caminhos da vida. Não porque quiséssemos, mas porque somos humanos — cheios de falhas, de medos, de desencontros. Fomos construindo paredes onde antes só havia pontes.

Não culpo você, e espero que não me culpe também. Fizemos o nosso melhor. Lutamos enquanto havia forças, mas hoje percebo que continuar tentando seria desonesto com o que fomos. Prefiro guardar de nós as memórias que ainda aquecem, as risadas que ecoam, os abraços que ainda sinto.

Ao escrever esta carta, meu coração se divide. Uma parte chora pelo fim, enquanto a outra sorri pelo que vivemos. Não sei como será o amanhã, mas sei que ele precisa ser vivido sem as amarras do passado.

Espero que, onde quer que a vida o leve, você encontre a felicidade que merece. E que, em algum momento, ao olhar para o céu estrelado, você lembre de mim — não com tristeza, mas com a certeza de que, por um tempo, fomos tudo um para o outro.

Despeço-me com amor, porque é isso que sinto, mesmo agora: um amor tranquilo, que não exige nada, que só deseja que você seja feliz.

Adeus, meu amor.
Com todo o meu coração,
Isabela
Lucileide Flausino Barbosa
Enviado por Lucileide Flausino Barbosa em 18/12/2024
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
Comentários