A Carroça e a Mudança
Rangia a carroça pelos caminhos,
Levava sonhos, memórias e espinhos.
As rodas cantavam sob o peso da lida,
Era o ciclo da vida que nunca se esquiva.
O céu pequeno, azul de esperança,
Abraçava a dor de cada mudança.
Deixávamos casas, deixávamos histórias,
Mas o peito guardava nossas vitórias.
Na carroça, os pertences eram poucos,
Mas ricos em lembranças de dias loucos.
Cada panela, cada trapo, um detalhe,
Da vida simples, que o tempo não falhe.
Minha mãe acariciava os ventos da estrada,
Enquanto meu pai, com força calejada,
Guiava a carroça rumo ao incerto,
Mas com fé de que o futuro estava por perto.
A pequena cidade, com suas esquinas,
Era nossa origem, doce e genuína.
Mas o destino, com sua voz imperiosa,
Nos chamava a seguir, numa jornada silenciosa.
Hoje, quando o vento toca minha face,
Lembro-me da poeira e do que ela traz.
A carroça era mais que transporte ou madeira,
Era a força da família inteira.
E embora o chão seja sempre passageiro,
Carrego no peito, como um pioneiro,
A memória viva da carroça rangente,
E das mudanças que moldaram a gente.
Lucileide Flausino Barbosa
Enviado por Lucileide Flausino Barbosa em 21/12/2024