No Canto do Coração
No canto do coração, um lamento guardado,
O eco de um choro breve, um sopro roubado.
Dos braços quentes da mãe, a vida partiu,
Levado por mãos frias, o destino sumiu.
Era tão pequeno, um suspiro de vida,
Olhos que mal vislumbraram a luz da saída.
Um laço cortado, um tempo que não andou,
No peito da mãe, apenas a dor ficou.
Os anos passaram, como nuvens no vento,
Mas no canto do coração, mora o momento.
Ela vê o rosto, no sonho e na ilusão,
Sente o toque suave, feito sombra na mão.
As ruas do mundo podem ser um labirinto,
Mas no âmago da mãe, há sempre um instinto.
Ela sente que ele vive, em algum lugar,
Como uma estrela distante, a brilhar no mar.
E se não houver encontro, se o tempo for vil,
Ela guarda o amor como chama gentil.
Porque no canto do coração, ele é eterno,
O filho que levou o inverno ao inferno.
Ainda que o desconhecido leve a razão,
Nunca apagará o canto do coração.
Pois mãe é quem ama, além da visão,
E carrega o filho na alma, para sempre, em oração.
Lucileide Flausino Barbosa
Enviado por Lucileide Flausino Barbosa em 21/12/2024