Em Sidrolândia a Estação da Saudade
A estação de trem de Sidrolândia não é apenas um ponto no mapa, é um baú de memórias que o tempo insiste em guardar. Ali, o apito do trem já foi o som mais esperado do dia, anunciando chegadas e partidas, sonhos e despedidas. Hoje, resta o silêncio, preenchido pelo eco de passos antigos e pelas histórias que os trilhos ainda contam a quem quiser ouvir.
Era ali, na plataforma, que as emoções mais intensas se misturavam. Uma mãe acenando para o filho que ia buscar vida nova na cidade grande, um casal apaixonado se despedindo com a promessa de um reencontro breve, ou mesmo aquele senhor solitário que, com a mala empoeirada, carregava saudades e poucas palavras. O trem, com sua imponência metálica, parecia um mensageiro imparcial, levando e trazendo partes de vidas que nunca seriam as mesmas.
O cheiro do ferro dos trilhos misturava-se ao aroma do café das quitandas ao redor. Quem não se lembra das crianças correndo descalças, sem pressa de crescer, enquanto os adultos murmuravam sobre política, colheitas e até sobre quem ia e quem vinha? A estação era mais que um local de passagem; era um palco onde a vida cotidiana se desenrolava com suas pequenas e grandes tragédias.
Com o tempo, os trens pararam de passar. A modernidade trouxe estradas largas e veículos rápidos, mas também levou consigo um pouco da alma do lugar. Hoje, a estação é quase um monumento ao que já foi, coberta por uma poeira que não consegue apagar as lembranças. Quem passa por ali ainda sente um aperto no peito, uma nostalgia de um tempo em que as coisas eram mais simples, e as distâncias, menores, mesmo que medidas em quilômetros.
Sidrolândia cresceu, mas há quem diga que a estação é como um coração pulsando em silêncio. Ela guarda segredos, histórias de amor, de partidas sem retorno e de reencontros inesperados. Talvez seja isso que faça daquele lugar algo tão especial: não importa quanto tempo passe, a estação ainda nos lembra que, em cada chegada ou partida, há um pedaço de nós que fica nos trilhos do passado
Lucileide Flausino Barbosa
Enviado por Lucileide Flausino Barbosa em 04/01/2025