Confissões ao vento
O mais bonito retrato é o da própria natureza, pois, Deus com humildade fez sem tintas a sua beleza.
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A Mala no Canto
Carlos observava a mala no canto do quarto, como se ela fosse um símbolo de tudo o que estava prestes a mudar em sua vida. O silêncio da casa, antes reconfortante, agora pesava em seu peito. Ele havia tomado a decisão de ir embora, buscar um futuro melhor em outra cidade, onde acreditava que as oportunidades seriam maiores. No entanto, o peso de deixar sua mãe sozinha fazia cada momento antes da partida parecer eterno.

A mala, cuidadosamente arrumada pela mãe, estava cheia de roupas, sonhos e incertezas. Enquanto caminhava pelo quarto, Carlos lembrava de todos os momentos vividos ali. As noites de conversa na cozinha, o cheiro de café fresco que preenchia a casa nas manhãs e, principalmente, a presença constante de sua mãe, que sempre o apoiara, mesmo nos momentos mais difíceis.

No dia da partida, a casa parecia mais silenciosa do que nunca. A mãe de Carlos, apesar do sorriso que tentava manter no rosto, não conseguia esconder o brilho úmido em seus olhos. Ele também lutava para não demonstrar sua tristeza, mas o nó em sua garganta parecia apertar cada vez mais.

Na porta, antes de sair, ela o abraçou com força, como se quisesse guardar aquele momento para sempre. Com a voz firme, mas cheia de emoção, disse:
— Vá, meu filho. Não se preocupe comigo. Eu sempre estarei aqui, torcendo por você e esperando sua volta.

Carlos assentiu, incapaz de responder. Sabia que aquelas palavras eram ditas com amor, mas também sabia que a solidão seria uma companheira constante para sua mãe.

Quando chegou ao ponto de ônibus, colocou a mala no bagageiro e se sentou ao lado da janela. O motor roncou, e o veículo começou a se afastar lentamente da cidade. Carlos olhou para trás e viu sua mãe acenando, pequena na distância, mas enorme no impacto que tinha em sua vida.

As lágrimas, que ele havia segurado por tanto tempo, finalmente escorreram. Não era apenas o medo do desconhecido ou a saudade que já começava a doer, mas a gratidão por tudo o que ela representava.

Enquanto o ônibus seguia pela estrada, Carlos fez uma promessa silenciosa a si mesmo: voltaria. Não importava quanto tempo demorasse ou o quão longe estivesse, ele retornaria para aquela casa e para o abraço que, naquele momento, parecia ser a maior segurança do mundo.

A mala no canto do quarto havia saído para uma nova jornada, mas o amor entre Carlos e sua mãe era a bagagem que ele levaria para sempre, onde quer que estivesse.
Lucileide Flausino Barbosa
Enviado por Lucileide Flausino Barbosa em 04/01/2025
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