Confissões ao vento
O mais bonito retrato é o da própria natureza, pois, Deus com humildade fez sem tintas a sua beleza.
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Nem a Morte nos Separou
Na cidade de São Vicente, a detetive Lara Siqueira era conhecida por sua determinação e por resolver casos que pareciam impossíveis. Mas nenhum deles se comparava ao que ficou conhecido como "O Caso do Cemitério".

Tudo começou em uma manhã cinzenta, quando Lara foi chamada ao cemitério municipal. O zelador havia encontrado o túmulo de Henrique Duarte, um contador que morrera há três meses, violado. A cena era perturbadora: a tampa do caixão estava aberta, mas o corpo não estava lá.

Enquanto Lara analisava o local, recebeu uma ligação. Uma mulher histérica afirmava ter visto Henrique andando pela praça central na noite anterior.
— Ele estava vivo! Eu juro! — dizia a testemunha, tremendo.

Lara descartou a ideia. Era improvável que um homem dado como morto há meses simplesmente reaparecesse. Contudo, mais relatos surgiram. Pessoas afirmavam ter visto Henrique em diferentes partes da cidade.

Intrigada, a detetive decidiu investigar a vida do contador. Descobriu que Henrique tinha uma esposa, Verônica, que parecia estar lidando bem demais com a morte do marido. Mais estranho ainda: a conta bancária de Henrique havia sido movimentada dias antes da exumação.

Lara interrogou Verônica, que manteve a calma, mas sua história estava cheia de contradições.
— Ele sempre foi muito reservado com as finanças. Não sei nada sobre essas movimentações.

Enquanto isso, a análise do caixão revelou algo ainda mais estranho: o corpo nunca estivera ali. O que significava que Henrique poderia estar vivo. Mas por quê?

A investigação levou Lara a um esquema milionário de lavagem de dinheiro. Henrique, envolvido até o pescoço, havia forjado a própria morte para escapar dos comparsas e das autoridades. A farsa incluía até um corpo falso, comprado no mercado negro.

O caso parecia claro, até que Lara encontrou Henrique — ou o que parecia ser ele — morto de verdade, em um galpão abandonado. Ao lado do corpo, um bilhete enigmático:
"Nem a morte nos separará."

As impressões digitais confirmaram que era mesmo Henrique. Mas quem o matou? E quem havia encenado os avistamentos para enganar Lara?

A resposta veio quando Lara revisitou Verônica. No cofre da casa, encontrou um contrato de seguro de vida milionário. Verônica confessou tudo: ela ajudara Henrique a fingir a própria morte, mas quando ele ameaçou ficar com todo o dinheiro, decidiu matá-lo de verdade.

— Foi ele quem disse que nem a morte nos separaria. Agora, isso é literal. — Verônica declarou, com um sorriso amargo.

Mesmo atrás das grades, ela parecia satisfeita com o desfecho. Lara, por sua vez, sabia que aquele caso seria difícil de esquecer. Afinal, não era todo dia que um morto-vivo acabava morto de verdade.
Lucileide Flausino Barbosa
Enviado por Lucileide Flausino Barbosa em 04/01/2025
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