Confissões ao vento
O mais bonito retrato é o da própria natureza, pois, Deus com humildade fez sem tintas a sua beleza.
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O Coração de Mãe
Era noite. O silêncio da casa envolvia tudo como um manto de paz, mas para Dona Lourdes, o sono estava distante. Ela deitava, virava para um lado, virava para o outro, mas algo em seu peito não a deixava descansar. Seu coração parecia bater de forma diferente, como se estivesse em sintonia com o filho, longe de casa e com a vida a seguir, mas sempre presente em seus pensamentos.

Desde que ele se foi para a cidade, Dona Lourdes passava as noites assim. Não dormia de verdade. Fingia, mas o sono não vinha. Algo dentro dela dizia que algo estava errado. Era um pressentimento, algo que nenhuma mãe pode explicar, mas que se sente com a intensidade de quem ama.

A cada hora que passava, ela se virava para olhar o relógio, sempre inquieta. O filho havia crescido, era um homem agora, mas ainda era seu menino. Ela ainda se lembrava do tempo em que ele a procurava, pequeno e indefeso, para pedir um simples conselho. Agora, ele estava distante, tentando a vida por conta própria. O que poderia estar acontecendo? Por que não conseguia desligar sua mente daquela preocupação?

Era um sentimento inexplicável. Dona Lourdes tentava se convencer de que era apenas uma inquietação da rotina, mas o que ela sentia era mais forte do que qualquer razão. Não sabia o que estava acontecendo, mas o coração de mãe conhece as variações da vida do filho. Ele falava pouco, mas ela sentia o que ele não dizia.

Lá pelas tantas, no meio da madrugada, o telefone tocou. Dona Lourdes quase não quis atender, mas algo a impulsionou a pegar o aparelho. Era a voz dele, do outro lado, um pouco trêmula, como se tivesse algo guardado, mas sem palavras para explicar. “Mãe, você estava me esperando, não estava?”

E, naquele momento, ela soube que o coração de mãe não se engana. Ele não precisava dizer mais nada. Ela já sabia. O pressentimento era o elo entre os dois, aquele amor que nunca se apaga, que se acende no momento exato em que a preocupação toma conta.

Dona Lourdes sorriu, suspirou aliviada, e finalmente se entregou ao sono. Sabia que, não importa o que acontecesse, o coração de mãe sempre saberia onde encontrar o filho. E, naquela noite, ela adormeceu com a certeza de que o amor não tinha distância.
Lucileide Flausino Barbosa
Enviado por Lucileide Flausino Barbosa em 04/01/2025
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