Confissões ao vento
O mais bonito retrato é o da própria natureza, pois, Deus com humildade fez sem tintas a sua beleza.
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Pedrinho e a Aula de Vergonha Alheia
Na Escola Municipal Saber é Poder, Pedrinho era conhecido por ser o menino "espertinho". Sempre tinha uma resposta na ponta da língua, o que incomodava muitos dos colegas que viviam tentando colocá-lo em apuros. Mas Pedrinho tinha um segredo: ele adorava estudar, especialmente assuntos que ninguém mais ligava, como curiosidades históricas, ciências esquisitas e até tabuada do 12.

Certo dia, na aula do Professor Arnaldo — conhecido por seu jeito sério e pela fama de ser o mais sabichão da escola —, os alunos decidiram que aquele seria o dia perfeito para envergonhar Pedrinho.

A Primeira Tentativa: A Piada Matemática
Joãozinho, que era o líder das travessuras, levantou a mão e disse:
— Professor, o Pedrinho disse que sabe responder qualquer pergunta de matemática de cabeça!

O professor, intrigado, encarou Pedrinho:
— É mesmo, Pedrinho?

— Depende da pergunta, professor — respondeu o menino com um sorriso calmo.

Arnaldo pensou por um momento e lançou:
— Qual é a raiz quadrada de 729?

Os colegas seguraram o riso, esperando que Pedrinho tropeçasse. Mas, sem hesitar, ele respondeu:
— É 27, professor.

O professor ergueu uma sobrancelha.
— Muito bem. E a de 2209?

Pedrinho coçou o queixo como se fosse difícil, mas logo disparou:
— 47.

Os colegas ficaram boquiabertos. Joãozinho tentou salvar a situação:
— Ah, professor, mas isso aí é fácil! Pergunta alguma coisa difícil!

Arnaldo sorriu, percebendo o desafio.

A Segunda Tentativa: Ciências
Dessa vez, foi Maria Clara quem tentou envergonhar Pedrinho.
— Professor, o Pedrinho disse que sabe de tudo sobre ciências. Pergunta algo esquisito pra ele!

O professor concordou, divertido, e lançou a pergunta:
— Pedrinho, por que o céu é azul?

Pedrinho ajeitou os óculos imaginários (ele nem usava óculos, mas adorava o gesto) e explicou:
— Porque as moléculas da atmosfera espalham a luz azul do sol mais do que outras cores, já que o azul tem um comprimento de onda mais curto.

Silêncio absoluto. Maria Clara ficou com cara de quem engoliu um sapo.

— Impressionante, Pedrinho — disse o professor. — Mas e me diga: por que não vemos estrelas durante o dia?

— Fácil, professor! Porque a luz do sol é muito mais forte e ofusca o brilho das estrelas. Mas elas estão lá.

Agora foi o professor quem teve que ajeitar o colarinho.

A Virada Final: A Pergunta que Envergonhou o Professor
Vendo que os alunos estavam ficando sem munição, Arnaldo decidiu tomar as rédeas. Ele lançou uma pergunta que achava impossível para um menino como Pedrinho:
— Pedrinho, se você é tão esperto, me diga: qual foi o animal que primeiro foi ao espaço?

Os alunos riram baixinho. A maioria achava que era o cachorro Laika, e tinham certeza de que Pedrinho erraria.

Mas Pedrinho deu um sorriso travesso:
— Depende, professor. Se o senhor está falando do primeiro ser vivo mandado ao espaço, foi uma mosca da fruta, em 1947, pelos americanos. Agora, se quiser saber o primeiro mamífero, aí sim foi a Laika, em 1957.

O professor engasgou. Ele só sabia sobre Laika. Com um leve rubor nas bochechas, murmurou:
— Isso mesmo, Pedrinho. Muito bem.

Os alunos começaram a rir, mas não de Pedrinho. Pela primeira vez, o temido Professor Arnaldo estava sem palavras.

A Moral da História
Depois daquela aula, ninguém mais tentou envergonhar Pedrinho. Pelo contrário, ele se tornou o consultor oficial das perguntas difíceis. O próprio professor, num ato de humildade, começou a pedir ajuda ao menino para preparar as perguntas mais desafiadoras para as provas.

Pedrinho, com seu jeitinho humilde, apenas dizia:
— Sabedoria, professor, não é saber tudo. É saber onde procurar as respostas!

E assim, na Escola Municipal Saber é Poder, ficou claro que o maior poder de todos era o de não subestimar Pedrinho.
Lucileide Flausino Barbosa
Enviado por Lucileide Flausino Barbosa em 09/01/2025
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