Confissões ao vento
O mais bonito retrato é o da própria natureza, pois, Deus com humildade fez sem tintas a sua beleza.
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Textos
O Burro Justiceiro
Vou contar uma história,
Dessas que o povo comenta,
De um burro muito esperto
Que a justiça sustenta.
No sertão, virou lenda,
História que ninguém inventa.

O burro chamava-se Chico,
Forte e trabalhador,
Servia ao seu dono duro,
Um homem sem nenhum amor.
Mas a dona da casa sofria
Por causa do agressor.

O dono, homem cruel,
Chamava-se Zé Maldade,
Espancava a pobre esposa
Sem um pingo de piedade.
E o burro, sempre olhando,
Guardava aquilo na verdade.

Chico puxava a carroça,
Carregava lenha e feijão,
Via tudo e nada fazia,
Só sofria no coração.
Mas um dia teve um basta,
E pensou: “Eu mudo a situação!”

Na noite de lua cheia,
Zé brigava sem razão.
Gritava, quebrava pratos,
Espalhava confusão.
E o burro, no curral,
Planejava sua ação.

De manhã, com o sol quente,
Zé montou pra viajar.
Sem saber que o burro Chico
Já estava a planejar
Uma lição bem merecida
Pro bruto se endireitar.

Na estrada poeirenta,
Chico andava devagar.
Zé batia, reclamava,
Mandava o burro andar.
Mas Chico, com paciência,
Só esperava o lugar.

Chegando na beira d’água,
Onde o rio fazia um poço,
Chico parou de repente,
Deu um coice bem no osso!
Zé Maldade foi pro chão,
Molhado e cheio de caroço.

Mas Chico não parou,
Pegou Zé pelo chapéu.
Com os dentes segurou
E o jogou num pé de céu,
Onde as formigas faziam
Uma festa do escarcéu!

Zé gritava de aflição,
Se debatia no chão.
E o burro, firme e forte,
Ficou lá, sem compaixão.
“Aprenda, seu desgraçado,
A respeitar a criação!”

Depois dessa surra justa,
Zé mudou de atitude.
Parou de bater na esposa,
Virou homem de virtude.
E o burro Chico, então,
Foi tratado com mais saúde.

No sertão ficou a lição:
“Quem maltrata o inocente,
Seja humano ou animal,
Acaba pagando urgente.
Até burro tem justiça,
Quando o dono é indecente!”

E assim termina o cordel,
Do burro que se vingou,
Não por raiva ou rancor,
Mas porque o certo ensinou.
Chico virou herói,
E a paz no lar reinou
Lucileide Flausino Barbosa
Enviado por Lucileide Flausino Barbosa em 09/01/2025
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