Salvo por um Vagalume
Era uma noite quente de verão, e Caio, um rapaz bem-aventurado e de risadas fáceis, se encontrava sozinho em sua casa no campo, numa pequena vila cercada de árvores e sons da natureza. O céu estava limpo e estrelado, como um quadro pintado por mãos artífices, e a lua, plena, se erguia como uma sentinela do tempo.
Mas Caio não estava prestando atenção nas belezas do céu. Ele estava, na verdade, muito mais preocupado com algo muito mais urgente: ele tinha se perdido dentro de sua própria casa.
Sim, você leu certo. Caio era o tipo de pessoa que, por mais que conhecesse cada cantinho do seu lar, conseguia se perder no momento mais inusitado. E naquela noite, o caos se instalou.
Tudo começou quando Caio decidiu fazer um lanche antes de dormir. "Uma fatia de queijo com presunto, quem sabe uma geléia... Isso vai cair bem!" pensou, feliz da vida, indo até a cozinha. Mas, ao chegar lá, a luz se apagou. Um breve estalo e a escuridão tomou conta do ambiente.
“Ah, que maravilha! Justo agora…” Caio murmurou, esbarrando em uma cadeira e derrubando um copo que se espatifou no chão. Mas ele não podia desistir. Ele sabia onde estavam as velas. “Eu sou um homem preparado!” pensou, já se aproximando da gaveta onde guardava as velas de emergência. No entanto, a escuridão fazia até o mais simples gesto parecer uma missão épica. Ele tateou a gaveta, pegou as velas e, ao tentar acendê-las, teve a brilhante ideia de procurar um fósforo no fundo do armário. E, claro, teve mais um episódio de desastres: ele derrubou mais algumas coisas, ficou preso no pano de prato e, para completar, bateu a cabeça na porta da geladeira.
"Se ao menos eu tivesse um mapa dessa casa!" resmungou Caio, irritado, sentindo-se como um náufrago perdido no oceano de mobília.
Foi então que algo peculiar aconteceu. Um pequeno ponto de luz apareceu na sua frente. No começo, Caio pensou ser uma ilusão da sua mente já saturada, mas logo percebeu que era um vagalume. Ele estava flutuando bem ali, na escuridão, como uma estrela diminuta.
“Isso é um sinal dos céus!” exclamou Caio, como se fosse um sinal divino. Ele começou a seguir o vagalume, que, para sua surpresa, parecia estar indo na direção do interruptor de luz. Ele o observava com fascínio, e o vagalume, como se fosse um guia espiritual, foi levando Caio pela sala e até a cozinha, sempre piscando com um brilho suave e constante. Caio, com um sorriso bobo no rosto, se sentia como um herói de um filme de aventura, guiado por um pequeno ser brilhante.
Finalmente, depois de alguns minutos, o vagalume pairou diante do interruptor, como se estivesse esperando a ordem para acender a luz. Caio, com o máximo de cuidado, tocou no interruptor e… a luz voltou. O vagalume piscou uma última vez, como se dissesse: "Missão cumprida!" e voou para fora da janela, deixando Caio ali, perplexo, mas agora com a sensação de que nada poderia ser mais estranho, mas ao mesmo tempo maravilhoso, do que ser salvo por um vagalume.
Ele olhou ao redor, vendo os pedaços de vidro quebrado no chão, o caos na cozinha e, é claro, os itens espalhados pelos cantos. Mas, com o sorriso no rosto e o coração leve, pensou: "Nada disso importa. Eu fui salvo por um vagalume. A vida não poderia ser mais divertida!"
E assim, Caio se sentou, riu de si mesmo e, ao invés de buscar mais um desastre, decidiu fazer seu lanche com calma. Afinal, quem poderia reclamar de um dia em que foi salvo por um vagalume? A vida, de fato, tem suas maneiras peculiares de nos surpreender.
E quem sabe… em uma noite de nova escuridão, talvez o vagalume volte, trazendo mais luz e risos para a casa de Caio.
Lucileide Flausino Barbosa
Enviado por Lucileide Flausino Barbosa em 10/01/2025