Confissões ao vento
O mais bonito retrato é o da própria natureza, pois, Deus com humildade fez sem tintas a sua beleza.
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Um brilho de esperança
Na pequena cidade de Esperança, Dona Maria era conhecida pelo sorriso caloroso e o jeito acolhedor. Mas, naquele dia de inverno, seu semblante estava diferente. Enquanto a cidade se agasalhava contra o vento gelado, ela se mantinha na penumbra de seu lar, sentada em sua cadeira de balanço.
Dona Maria segurava nas mãos uma pequena fotografia. Nela, seu filho mais novo, Miguel, ainda pequeno, estava sorridente, abraçando um cachorro vira-lata. Era um momento de pura alegria capturado em papel. Miguel havia partido para a cidade grande, cheio de sonhos e esperanças.
Prometeram contato, mas a vida com suas voltas acabou por levar Miguel para longe, deixá-lo absorto em suas próprias conquistas e desafios. O tempo passara e a saudade, ao invés de diminuir, só crescia. Dona Maria sentia que parte de sua alma se apagava pouco a pouco.
Não por falta de orgulho do filho, mas porque a presença física de Miguel fazia parte de sua alegria. As ligações eram breves, as mensagens escassas e a visita, cada vez mais distante no calendário. Ainda que seu coração estivesse apertado, Dona Maria mantinha viva a esperança.
Sabia que, por mais que o mundo parecesse cruel e distante, sua luz de mãe jamais se apagaria. Aquele amor destemido, que desafiava tempo e distância, era o que a mantinha firme. No olhar de mãe, sempre há um brilho de esperança, mesmo nas horas mais sombrias.
O vento soprou com mais força, dessa vez trazendo consigo uma leve neve fora de época. Dona Maria, perdida em seus pensamentos, sorriu ao lembrar que deveria preparar a casa para a chegada do Natal. Talvez esse fosse o ano em que Miguel, finalmente, entraria pela porta novamente.
E assim, com pensamentos aquecidos por lembranças e esperanças, ela seguiu, conduzida pelo amor que sente pelo filho, coração aberto para o momento em que pudesse, uma vez mais, acolher Miguel em seus braços.
Lucileide Flausino Barbosa
Enviado por Lucileide Flausino Barbosa em 25/01/2025
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