Confissões ao vento
O mais bonito retrato é o da própria natureza, pois, Deus com humildade fez sem tintas a sua beleza.
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O Pecador no Céu
Lá no sertão, um cabra arretado,
Era um tal de Zé Pedro, homem de pecado,
Vivia aprontando, desobedecendo,
Mas um dia a morte chegou, e ele se foi morrendo.

Diz que Zé Pedro, num lance atrevido,
Fez tudo errado, mas achou que era sabido,
Quis enganar Deus, e foi direto pro céu,
Achando que a coisa tava mais mole que mel.

Pegou sua jumenta, coitada da danada,
E deu um jeito de empurrar a bicharada,
Montou na cavalgadura, sem fazer rodeio,
Pensando que ia entrar lá pelo meio.

Aí, quando chegou na porta de São Pedro,
Disse: "Ô, meu amigo, abri essa entrada,
Venho de mansinho, não trago mais pecado,
Só fui fazer umas bagunça, mas me arrependo."

São Pedro olhou, coçou a cabeça,
Viu aquele homem com cara de tristeza,
Mas, antes de abrir, ele perguntou:
"Zé Pedro, me diga, você se arrependeu?"

Zé Pedro olhou pro céu e fez um remendo,
"Eu confesso, São Pedro, tava me perdendo,
Mas eu sei que lá embaixo, a coisa é feia,
E quero mudar, dar a volta por cima, na mosca cheia!"

São Pedro riu e disse com malícia:
"Você tentou enganar, mas vou dar licença,
Aqui não é lugar de quem entra a cavalo,
Tem que ser de pé, sem mais graça, sem estalo."

Zé Pedro ficou sem saber o que fazer,
Tentou até descer, mas não sabia correr,
O cavalo dele ficou lá parado,
E Zé Pedro foi pro céu, mas com o rabo envergonhado.

São Pedro olhou pra ele e deu uma risada,
"Zé Pedro, meu fio, a entrada é sagrada,
Aqui quem entra, entra com humildade,
Não se dá cavalo a quem busca liberdade."

E assim o danado, sem mais conversa,
Entrou no céu com a alma de cabeça e a reversa,
Deu-se conta de que a salvação
Não se vem a cavalo, mas com o coração!

Zé Pedro pensou que a coisa ia ser fácil,
Achou que o céu era um lugar sem embaraço,
Mas São Pedro, com sua chave de ouro,
Fez questão de dar-lhe um bom desaforo.

"Meu fio, não é assim que a casa funciona,
Aqui quem entra deve ter mais vergonha,
Tira o cavalo e entra na humildade,
Porque no céu não entra ninguém com vaidade."

Zé Pedro ficou meio sem graça,
Tentou até fazer cara de ameaça,
Mas São Pedro sorriu e bateu o martelo,
"Entra de a pé, senão fica de lado, sem zelo."

Zé Pedro, então, desmontou da jumenta,
Com cara de quem sentiu a sentença,
Mas antes de entrar, fez um pedido atrevido,
"Ô São Pedro, me dê uma chance, eu tenho sido arrependido."

São Pedro olhou bem fundo nos olhos do cabra,
E, com a mão no queixo, deu uma risada macabra:
"Arrependido? Só se for agora,
Porque você aprontou a semana toda e foi embora!"

"Mas a vida, São Pedro, é feita de erros,
Se eu tivesse chance, eu mudava os meus temperos,
Agora quero entrar, com fé e com medo,
Porque eu não aguento mais esse inferno, meu segredo!"

São Pedro pensou por um instante ligeiro,
Viu que Zé Pedro estava com olhar sincero,
Então deu um sorriso e falou bem baixinho:
"Tá bom, tu entra, mas de pé, e com jeitinho."

E assim Zé Pedro, sem cavalo e com graça,
Entrou no céu, mas com uma cara de cansaço,
Agora ele sabe que a vida não é brincadeira,
É preciso humildade pra encontrar a verdadeira.

E lá em cima, encontrou uns cabras engraçados,
Gente simples, mas com corações iluminados,
Então Zé Pedro, que antes era bagunceiro,
Virou um bom santo, no céu, um verdadeiro!

Mas nunca mais tentou entrar a cavalo,
Porque aprendeu que o caminho é mais calmo,
E quem busca o céu com humildade e amor,
Sempre encontra um lugar, com paz e com fervor!

Moral da história:
Quem quer o céu, com certeza, tem que ser modesto,
De cavalo ou de carro, o acesso não é pro resto,
A humildade é a chave, a verdadeira entrada,
E só quem é bom de coração, é que tem a jornada!
Lucileide Flausino Barbosa
Enviado por Lucileide Flausino Barbosa em 31/01/2025
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