Confissões ao vento
O mais bonito retrato é o da própria natureza, pois, Deus com humildade fez sem tintas a sua beleza.
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O Bêbado e o Ladrão
Era uma noite de lua cheia na pequena cidade de Santa Ventura. As ruas estavam quase desertas, exceto por Zeca Bêbado, que cambaleava de volta para casa após um longo e "frutífero" expediente no bar do Seu Tonico. Com um andar torto e um sorriso bobo, ele cantarolava:

🎵 “Eu bebo porque gosto, e gosto porque bebo, lalá-lalala!” 🎵

De repente, uma figura sombria surgiu de trás de uma esquina. Era Tonhão, o famoso ladrão da cidade, conhecido por sua agilidade e esperteza. Tonhão viu Zeca e pensou:
"Ora, esse aí tá mais mole que gelatina. Vai ser fácil!"

Tonhão se aproximou e anunciou o roubo com pose dramática:
— Perdeu, Zeca! Passa a carteira e o relógio, agora!

Zeca, com os olhos semicerrados e um bafo de cachaça que podia derrubar um elefante, olhou o ladrão de cima a baixo e respondeu:
— Moço... eu até passava, mas... e se você perder?

— Perder o quê, doido? — respondeu Tonhão, confuso.

— Ué, o desafio! — Zeca abriu os braços teatralmente. — Duelo de habilidades. Se você ganhar, leva minha carteira. Se eu ganhar... cê me paga uma pinga!

Tonhão arqueou uma sobrancelha. Ele estava acostumado a ser desafiado por policiais, vítimas desesperadas ou até cachorros de guarda, mas nunca por um bêbado cheio de autoconfiança.
— Tá bom. Que desafio é esse?

Zeca apontou para uma lixeira a uns dez metros de distância.
— A gente vai jogar tampinha de garrafa lá. Quem acertar mais, ganha.

Tonhão, que já tinha brincado de acertar alvos na infância, deu uma risada.
— Moleza. Prepara a carteira, Zeca.

E assim começou o “Grande Desafio da Madrugada”. Zeca tirou uma tampinha do bolso (porque bêbados sempre carregam coisas aleatórias) e entregou outra para Tonhão.

Primeira rodada:
Tonhão jogou com firmeza. A tampinha bateu na beirada da lixeira e caiu para fora.
Zeca gargalhou:
— Hahaha! É a pressão, amigo! Agora, aprende com o mestre.

Ele arremessou a tampinha... que foi parar no telhado de uma padaria.
— Era só pra medir o vento — justificou Zeca, coçando a cabeça.

Segunda rodada:
Tonhão se concentrou e conseguiu acertar o alvo.
— Boa sorte, Zeca.

Zeca olhou fixamente para a lixeira, balançou o corpo para ganhar "equilíbrio" e lançou a tampinha com um movimento que parecia inspirado por uma dança tribal. Para surpresa de ambos, a tampinha girou no ar, quicou no chão e... entrou na lixeira!

— HA! Tá vendo? Nunca subestime um homem com cachaça na veia! — Zeca comemorava como se tivesse ganhado a Copa do Mundo.

Rodada final:
Era tudo ou nada. Tonhão se preparou para seu último arremesso. Com precisão cirúrgica, ele jogou a tampinha que entrou na lixeira sem nem tocar na borda.
— E agora, Zeca? Vai desistir?

Zeca pegou sua última tampinha, ergueu o braço e fez um discurso dramático:
— Essa é pela honra dos bêbados de Santa Ventura!

Ele lançou a tampinha... que voou em direção à lixeira, mas fez uma curva inexplicável, bateu na parede de um poste e, milagrosamente, caiu dentro do alvo.

Tonhão ficou boquiaberto.
— Como você fez isso?!

Zeca deu de ombros.
— Chama-se "destreza etílica". Só quem treina no boteco entende.

Tonhão riu e, reconhecendo a derrota, cumpriu a promessa. Levou Zeca ao bar e pagou a pinga. Enquanto bebiam juntos, Tonhão confessou:
— Sabe, Zeca, acho que vou largar a vida de crime. Isso aqui é muito mais divertido.

E assim nasceu uma amizade improvável entre o bêbado e o ladrão, que passaram a ser conhecidos como os "Reis do Desafio da Madrugada" nas rodas de conversa da cidade.

Moral da história: Às vezes, a vida dá as melhores lições... no bar.
Lucileide Flausino Barbosa
Enviado por Lucileide Flausino Barbosa em 03/02/2025
Alterado em 03/02/2025
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