Psicologia do Medo
Ele nunca levantou a mão,
mas as palavras cortam fundo.
Chama de burra, de inútil,
diz que ela não vale um segundo.
E ela vai perdendo a cor
num silêncio tão profundo.
Ela se encolhe, descrente,
acha que o erro é dela.
Mas o cárcere não tem grades —
tem culpa e a voz dele nela.
Aos poucos vira sombra
da mulher que havia nela.
Ele zomba de seus sonhos,
despreza seu saber.
Diz que ninguém a quer,
que nunca vai vencer.
E ela começa a duvidar
se tem direito a viver.
Os amigos ela perdeu,
afastados um por um.
A família virou distância,
e ela vive sem nenhum.
Cercada por culpa e medo,
num quarto sem nenhum rumo.
Toda tentativa de ir
vira motivo de opressão.
Ele chora, pede perdão,
jura mudar de direção.
E ela acredita de novo,
presa à manipulação.
Mas um dia, num espelho,
ela vê algo diferente.
Talvez um brilho apagado
ou coragem latente.
E percebe: viver não é isso.
Ela merece ser gente.
Lucileide Flausino Barbosa
Enviado por Lucileide Flausino Barbosa em 05/05/2025
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