No Campo da Solidão
Lá na roça, onde a rede balança,
ela sonhava com liberdade.
Mas casou cedo, ficou só,
presa à rotina da propriedade.
O verde ao redor é bonito,
mas dentro há só ansiedade.
Sem vizinho por perto, sem abrigo,
apanha, sofre, e ainda cozinha.
No campo há sol e sossego,
mas pra ela só há angústia e linha.
A enxada pesa no braço,
mas o peso maior é a rotina.
O marido manda em tudo,
e o grito dele ecoa no mato.
Ela abaixa os olhos,
varre o chão, lava o prato.
E o tempo vai se arrastando,
feito boi amarrado no pasto.
Não há posto, nem escola,
nem vizinha pra conversar.
Só o rádio e as galinhas
pra tentar se distrair e aguentar.
E a solidão vira castigo
quando ninguém pode escutar.
Às vezes sonha em correr,
pegar a estrada e sumir.
Mas como largar os filhos,
a plantação, o que há por vir?
Então ela finge sorrir,
mesmo querendo desistir.
Lá fora o galo canta alto,
mas dentro dela tudo se cala.
A liberdade virou lenda,
e a dor virou sua sala.
No campo o céu é imenso,
mas a alma vive enclausurada.
Lucileide Flausino Barbosa
Enviado por Lucileide Flausino Barbosa em 05/05/2025
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