Confissões ao vento
O mais bonito retrato é o da própria natureza, pois, Deus com humildade fez sem tintas a sua beleza.
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As Cores do Meu Primeiro Amor
Na sala três do ano B,
com lápis, caderno e timidez,
um menino de nome Tomás
viu o mundo mudar de vez.

Veio ela, com passos leves,
vestido florido, olhar de luar.
A professora Ana Clara,
que fazia até os números dançar.

Falava com voz de algodão,
os olhos brilhando feito sol.
Tomás, com o coração nas mãos,
fez do silêncio o seu lençol.

Desenhava entre as lições,
não casas, nem céu, nem flor...
Mas os olhos da professora,
o retrato do seu amor.

Com lápis vermelho tremendo,
fazia os cachos do cabelo,
e escondia o desenho ligeiro
sempre que ela vinha vê-lo.

Até que um dia, sem aviso,
ela parou, sorriu gentil:
— O que desenha aí, meu artista?
— É só um desenho… é infantil.

Mas ela viu — e era ela,
com todos os traços do coração.
Riu como quem lê poesia,
e lhe deu um elogio de gratidão.

Na última aula do ano,
Tomás, com coragem e calor,
entregou o desenho completo:
“A melhor professora, com amor.”

Ela o abraçou como quem guarda
um segredo feito flor no peito.
E disse: — Nunca vou te esquecer.
— Nem eu, professora, desse jeito.

Hoje Tomás é já homem,
mas guarda aquela folha com cor,
onde o tempo parou pra sempre
nas cores do seu primeiro amor.

Lucileide Flausino Barbosa
Enviado por Lucileide Flausino Barbosa em 05/05/2025
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