Confissões ao vento
O mais bonito retrato é o da própria natureza, pois, Deus com humildade fez sem tintas a sua beleza.
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O Menino de Silêncio e Luz
Num cantinho da escola da vila,
Onde o sol beija o chão de mansinho,
Vivia um menino calado,
Que falava só com o carinho.
Era visto com olhos de espanto,
Mas guardava um mundo inteirinho.

Não gritava, não ria com todos,
Não entrava nas rodas comuns.
E os outros, sem nada entender,
Lhe chamavam de “estranho” e “nenhum”.
Mas seu jeito era doce e sereno,
Como o canto suave de um tun.

Dizia a professora querida:
— Ele aprende no tempo do amor!
Mas os pais de outras crianças
Diziam: — Isso é só desvalor!
— Esse menino é diferente...
— Só atrasa e não tem vigor.

Mas o tempo, que ensina em silêncio,
Fez a vida dar sua lição:
Um concurso de arte na escola
Fez bater mais forte um coração.
E o menino, com traços tão puros,
Fez do quadro sua oração.

Pintou flores em campos distantes,
Borboletas no céu a voar,
E escreveu com seus olhos brilhantes
Uma história sem precisar falar.
E o que viu-se foi mais que uma arte —
Foi um mundo que veio encantar.

Ganhou prêmios, abraços e palmas,
Mas foi outra a grande vitória:
Os que antes zombavam, calaram,
Diante da luz da memória.
Pois o menino sem muitas palavras
Mudou o final da história.

A diretora chorou comovida,
A professora sorriu, enfim:
— Não é quem fala mais alto que ensina,
É quem ama até o fim.
E ali todos viram, espantados,
O poder de um “sim” serafim.

Hoje todos lembram com doçura
Do menino que veio ensinar
Que o silêncio, às vezes, é canto,
E que amor é saber esperar.
E a escola que antes o negava
Hoje faz questão de abraçar.
Lucileide Flausino Barbosa
Enviado por Lucileide Flausino Barbosa em 06/05/2025
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